Das cinco regiões da capital paulista, a zona sul está em primeiro lugar no ranking de empresas exportadoras, de acordo com levantamento da SP Negócios. Para falar sobre esse universo e mostrar os caminhos e ferramentas para exportar, a Distrital Sul da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) promoveu o seminário Exporta Zona Sul na última quarta-feira (6/6).
O evento foi realizado em parceria com o Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (CECIEx) e o Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em SP).
Empresários puderam saber como exportar utilizando as ferramentas certas. Representando Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti, Giacinto Cosimo Cataldo (vice-presidente da ACSP e coordenador das Sedes Distritais) disse que o encontro foi um projeto-piloto a ser replicado em outras distritais da ACSP. “Trabalhar no mercado internacional com pequenas empresas sempre é uma dificuldade, mas podemos contar com apoios. Ainda assim acho que está faltando um pouco de arrojo por parte dos nossos empresários, em especial dos pequenos, e essa pode ser uma grande oportunidade. O Brasil não vai conseguir ser um país fechado para sempre, um dia vai ter que chegar ao mercado internacional. Dentro da nossa luta a exportação é uma grande bandeira da ACSP".
O diretor-superintendente da Distrital Sul, Luiz Augusto Barbosa, destacou que além do networking, a ideia do Exporta Zona Sul é treinar empreendedores para operarem na área. “Não basta exportar ou importar: é preciso melhorar a qualidade dos produtos para aumentar a competitividade”. Para ele, o evento foi uma oportunidade de os empreendedores contarem com a experiência e a credibilidade dos especialistas da ACSP e dos parceiros.
Gustavo Carrer, da Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae SP, comentou que exportar não é diferente do que o empresário faz no mercado interno para manter seu negócio. “É preciso identificar, conquistar e manter o cliente. A diferença é que quem você está identificando é de outro país, tem outra cultura e vive sob outro ambiente de negócio e conquistar esse cliente vai exigir os mesmos esforços que o empresário tem aqui no Brasil”. Segundo ele, exportar é um desafio pessoal do empresário e depende exclusivamente do empreendedor. “O objetivo do Sebrae é ajudar. Fazemos isso por meio de seminários como este, que funciona para colocar o vírus da exportação no empreendedor e até para mostrar para empresas que já estão exportando outros os caminhos”.
Carrer explicou que o ponto de partida para o empresário se engajar no programa do Sebrae é simples. Basta responder um questionário com 25 perguntas sobre a gestão do negócio e o momento de exportação que a empresa está vivendo. Depois disso o Sebrae oferece um programa em parceria com a Apex. “O importante é o empresário responder o autodiagnostico para ter acesso a toda a rede, constituída por ACSP, PEIEX, Fiesp, Sebrae, SP Negócios e Correios, sendo que a maioria dos serviços é gratuita”.
Para concluir, Carrer deu o seguinte conselho: “Se você hoje está começando, não tenha pressa, saiba que exportar é um processo que leva, às vezes, até dois anos para dar frutos, mas deve ser um processo contínuo. Não temos que pensar que a exportação é uma corrida curta, mas é uma maratona que temos que planejar para realizar”.
Preparo
Silvana Gomes, da SP Negócios - agência de promoção de exportações e investimentos do município de São Paulo - falou sobre o preparo do empresário para exportar. Explicou que o desafio da agência é atrair investimentos de novas empresas que se instalarem no município. Segundo ela, o universo empresarial na cidade é de 1,8 milhão de empresas para serem atendidas. “Nosso papel é não deixar essas empresas morrerem dentro de um momento de crise e para isso a exportação contribui muito”.
A palestrante destacou que uma empresa com 20% do seu faturamento exportado tem menos chance de fechar. “O índice de mortalidade é comprovadamente menor do que as empresas que não atuam no mercado internacional. Por isso, trabalhamos para a exportação delas visando a manter os negócios do município”.
Renan Ferraz, técnico do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX) oferecido pela Agência Brasileira de Exportação (Apex-Brasil) disse que o programa é implementado em regiões com adensamento de empresas com potencial exportador. “Nesses locais, a Apex-Brasil faz parceria com uma instituição de excelência que reúne especialistas em gestão empresarial e comércio exterior. Esses profissionais, que são devidamente treinados na metodologia do PEIEX, ajudam as empresas a se preparar para a exportação”.
O atendimento é feito com base em visitas às empresas para identificar o potencial exportador. Depois, um técnico do PEIEX avalia o nível de preparo do negócio para exportação. Segundo Ferraz, uma vez que o empresário entrar para o PEIEX, ele deve ter em mente que a principal contrapartida não é a financeira, pois é um programa gratuito que não requer investimento financeiro direto da empresa “Mas requer o comprometimento e participação do empresário, que deve levar o programa a sério e fazer a trilha para usufruir do programa da melhor forma possível”.
Adequação
Adequação foi o tema do painel apresentado por Mari Katayama, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que tem hoje nove centros tecnológicos e três núcleos, um deles de apoio tecnológico às MPEs. Segundo ela, muitos empresários desistem por conta de barreiras por não diferenciarem barreira técnica e barreira não tarifária. “A barreira técnica é uma proteção exagerada que não é resolvida aqui. Hoje vamos tratar das barreiras não tarifárias”.
Mari revelou que um dos caminhos para adequação de produto é um programa de subsídio oferecido pelo governo do Estado de SP, que não é passado diretamente para as empresas, mas sim por meio de contrato com o IPT. O poder do subsídio é praticamente 80% da adequação, que o empresário pode pagar em parcelas. “Isso é uma contrapartida, com forma de pagamento negociável e é bem palatável”, explicou.
Ela informou que os empresários podem utilizar um contrato global com o governo estadual, que tem orçamento anual para atender esses empresários. “É uma ação continuada e a contratação é individual, personalizada e rápida”. Citou que o Progex, ferramenta tecnológica que fortalece principalmente as MPEs, contribui para a inserção no mercado internacional e, ao mesmo tempo, reduz a mortalidade como exportadoras. “O Progex atende qualquer setor, pode ser de eletrodoméstico, de cosméticos, ou seja, de diversos ramos, reunindo as pessoas que estão focadas na exportação e querem ter um produto competitivo”.
Exporta Fácil
“Os Correios, não menos importante no processo de exportação, têm a obrigação de levar a mercadoria até os outros países, de forma correta”, explicou a representante dos Correios Denise Rodrigues. Ela falou sobre a utilização do Exporta Fácil, sistema de logística dos Correios que atende as necessidades comerciais de pessoas jurídicas e físicas no envio de produtos ao exterior com a simplificação do processo de exportação.
Hoje são 217 países credenciados, com os quais os Correios fazem trocas, recebem e encaminham mercadorias. A especialista disse que o Exporta Fácil pode ser utilizado por empresas de qualquer porte. “Desde um microempresário individual até empresas de grande porte podem utilizar a ferramenta e fazer o encaminhamento dentro dos nossos padrões de peso e dimensões, ou seja, qualquer empresa pode utilizar o serviço”.
A novidade, segundo Denise, é que desde que a ferramenta foi criada, até pessoas físicas, registradas nos órgãos competentes como artesãos e produtores rurais, também podem emitir nota fiscal e exportar legalmente. “Antes do serviço Exporta Fácil isso não era possível e as mercadorias tinham que ser encaminhadas como presentes e ficávamos sem o histórico dessas exportações”.
Comercial exportadora
Rita Campagoli, presidente do Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (CECIEx) e membro do Conselho Deliberativo da ACSP, apresentou o CECIEx, que congrega empresas comerciais importadoras e exportadoras do Brasil para alavancar as exportações brasileiras, inclusive de MPEs. “Somos um braço da ACSP, embora hoje sejamos uma entidade independente. Nascemos na casa e permanecemos até hoje”.
Rita explicou que o conselho quer desmistificar o comércio exterior para as empresas de pequeno porte. “Isso exige trabalho contínuo, uma estratégia, que a empresa deve adotar ou não, de iniciar o seu envolvimento com o comércio exterior”.
De acordo com ela, é preciso preparação e comprometimento. O CECIEx obrigatoriamente está no mercado externo todos os dias, por meio de projetos missões, rodadas de negócios, recebendo importadores ou levando exportadores do Brasil. “Já estivemos de norte a sul do mundo. Sendo assim, o CECIEx propõe e facilita a participação de empresas brasileiras no mercado externo por meio desses projetos”.
Rita apresentou um mapa da participação do Brasil em exportações e importações mundiais de 1950 até 2017, revelando que a participação brasileira tem sido muito pequena. “Com essa potencialidade que o país tem, pelo nosso tamanho geográfico, isso é quase nada”, disse ela, ao mostrar que em 2017 o Brasil participou de apenas 1,23% do comércio exterior. “Temos potencial para uma participação muito maior”.
“Espero que este evento sensibilize os empresários pois temos potencial e a pequena e média empresa tem força para exportar. É preciso dar o devido valor. A exportação é desafiante, mas é extremamente interessante”, concluiu.
O evento contou com a parceria de SP Negócios, Sicredi, Broker Brasil, Apex Brasil, Ciesp, IPT, Correios e Fecap.
Por Distrital Sul