PIB DO TERCEIRO TRIMESTRE CONFIRMA RETOMADA LENTA DA ECONOMIA
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno
Bruto (PIB) apresentou alta de 1,3% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período
do ano passado, em linha com as expectativas de mercado.
Sendo o PIB a soma de todos os bens e serviços produzidos e consumidos no País,
seu desempenho deve ser analisado em termos de seus componentes de demanda e de
oferta. Na Tabela abaixo, apresentamos a comparação entre as variações interanuais
dos períodos julho-setembro e abril-junho de 2018.
Pelo lado da oferta, pode ser observado que a agropecuária se recuperou das
perdas impostas pela paralização dos caminhoneiros, enquanto a indústria e os serviços
apresentaram estabilidade relativa, refletindo a menor confiança das famílias e das
empresas decorrente da incerteza eleitoral.
Além disso, o elevado desemprego, os juros ainda elevados e o fraco crescimento
dos salários provocaram desaceleração no consumo das famílias, refletindo-se também
no arrefecimento do crescimento do comércio. Os investimentos produtivos (formação
bruta de capital fixo) mostraram forte aceleração, porém, parte importante desse
resultado se explica pela mudança na legislação tributária do setor de petróleo e gás,
permitindo incorporar em seu cálculo plataformas de petróleo produzidas no país
anteriormente. Esse impacto pontual também está por trás de parte relevante da
expansão das exportações, pois, essa mesma mudança contabiliza ditas plataformas
como “exportações”. Contudo, parte do crescimento dos investimentos e das vendas ao
exterior reflete a recuperação da produção interna, principalmente no setor
automobilístico. O “salto” das importações também permite concluir a atividade
apresenta retomada “legítima”.
Em síntese, os resultados do terceiro trimestre, apesar de mais favoráveis,
confirmam que a economia segue uma tendência de recuperação, que ainda é lenta, ao
descartarem-se os efeitos contábeis mencionados e a fraqueza da base de comparação
com os trimestres anteriores.
Com a dissipação da grande incerteza política vivida ao longo do ano, e que ainda
“contamina” os resultados anteriores, inflação baixa e juros básicos no menor nível
histórico, espera-se um maior crescimento do PIB para 2019. Contudo, os riscos ainda
existem, e ficam por conta da implementação das reformas anunciadas pelo novo
Governo e do cenário externo mais desafiador para os países emergentes.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal