Temas em Análise 238: PIB do Segundo Trimestre Cresce acima das Expectativas

PIB DO SEGUNDO TRIMESTRE CRESCE ACIMA DAS EXPECTATIVAS

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,4%, durante o segundo trimestre do ano, em relação aos primeiros três meses do ano, livre de efeitos sazonais, surpreendendo as expectativas de mercado. Em relação ao mesmo período do ano passado, se registrou expansão de 1,0%, enquanto durante o primeiro semestre esta foi de 0,7%. No acumulado dos últimos quatro trimestres também houve crescimento de 1,0%, mantendo desempenho praticamente estável desde os últimos quatro meses de 2018 (ver gráfico abaixo).

 

 

Em relação ao segundo trimestre de 2018, pelo lado da demanda, o consumo das famílias, seu principal componente, cresceu 1,6%, levemente acima do registrado na leitura anterior, desempenho também influenciado pela menor base de comparação do ano passado, mas que também se explica pelas maiores aquisições de veículos e imóveis, impulsionadas pelas maiores concessões de crédito.

No caso dos investimentos produtivos (formação bruta de capital fixo) houve surpreendente expansão de 5,2%, explicada pelo forte crescimento das importações de máquinas e equipamentos e da construção civil, o que refletiria a recuperação da confiança do empresário com o avanço das reformas estruturais.

Por sua vez, o consumo do governo, que corresponde basicamente às despesas com servidores nas três esferas governamentais, apresentou queda de 0,7%, refletindo as grandes dificuldades financeiras sofrida pela administração pública.

As exportações seguiram crescendo de forma menos intensa (1,8%), devido à desaceleração da economia mundial e à crise argentina. A contribuição do setor externo à despesa total do País passou a ser negativa, pois, durante o mesmo período, se registrou forte expansão das importações (4,7%), principalmente em máquinas e equipamentos.

Pelo lado da oferta, na mesma base de comparação, houve leve aumento da atividade industrial (0,3%), explicada tanto pelo mesmo “efeito estatístico” anterior, como também da recuperação das áreas de óleo e gás e construção civil, que mais do que compensaram a queda na atividade extrativa, que continua a sofrer os efeitos negativos do rompimento da barragem de Brumadinho (MG).

A produção agropecuária apresentou crescimento (0,4%), novamente, em parte, pelo “efeito estatístico”, e pelo excelente desempenho da “safrinha” de milho, que reflete os ganhos de produtividade do setor.

Por sua vez, o setor serviços, principal segmento produtivo da economia, apresentou a mesma taxa de expansão observada no primeiro trimestre (1,2%), puxada principalmente pelo comércio, que também se beneficiou pela menor base de comparação do ano passado.

Em síntese, o resultado do segundo trimestre é positivo, porém não necessariamente indica aumento de “tração” da recuperação da atividade econômica, pois, pelo menos em parte, se explicaria pela base de comparação deprimida do ano passado. Em geral, apesar dos efeitos positivos esperados a partir da liberação do FGTS e PIS/PASEP sobre o PIB dos próximos trimestres, seu desempenho continua apontando para uma alta anual próxima a 1,0%.

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal