PRODUÇÃO INDUSTRIAL CAI EM 2019, APÓS DOIS ANOS DE ALTA
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, a indústria mostrou contração de 1,2%, na comparação com o mesmo mês do ano passado (ver tabela abaixo). Durante 2019 houve queda de 1,1% na produção, após haver mostrado expansão nos últimos dois anos (2,5% e 1,0%, respectivamente).
Esses resultados se devem, em primeiro lugar, à severa contração da indústria extrativa mineral, decorrente do desastre de Brumadinho (MG). Também exerceram impactos negativos a retração das exportações, devido tanto à crise argentina como à desaceleração global, e a fraqueza da recuperação do gasto interno.
Ao longo do ano passado, houve queda na produção de bens intermediários, refletindo a retração do setor extrativo, e de bens de capital, apontando para diminuição do investimento produtivo. Houve crescimento da fabricação de bens de consumo, refletindo os efeitos positivos sobre sua demanda, gerados pelas menores taxas de juros, pela recuperação do emprego e pelo aumento da renda, complementado pela liberação do FGTS-PIS/PASEP.
Em síntese, o resultado de 2019, apesar de adverso, não constituiu surpresa, sendo explicado fundamentalmente pela queda do setor de extração mineral. A indústria de transformação permaneceu estagnada. As perspectivas para o presente ano são mais favoráveis, apontando para uma recuperação, dada a normalização da produção da Vale, além dos aumentos do crédito, do emprego e da renda e as menores taxas de juros, que deveriam impulsionar a demanda local. A contribuição do setor externo à recuperação da indústria tende a ser menor, dadas as incertezas da economia mundial, no contexto dos impactos negativos do novo coronavírus sobre a economia chinesa e da continuidade da crise argentina.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal