PANDEMIA PROVOCA QUEDA DOS PREÇOS EM ABRIL, LEVANDO RESULTADO
ANUAL ABAIXO DO LIMITE INFERIOR DA META DE INFLAÇÃO
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou queda de 0,31%, em relação ao mês anterior, superando a deflação esperada pelo mercado. Desse modo, a inflação anual (12 meses) mostrou desaceleração mais intensa que a observada em março, alcançando a 2,4% (ver tabela abaixo), abaixo do limite inferior da meta de inflação anual perseguida pelo Banco Central (2,5%).
A principal causa da deflação foi a redução do preço dos combustíveis, em especial a gasolina, devido à diminuição dos preços internacionais do petróleo e da demanda interna, que mais do que compensou o aumento do preço dos alimentos no domicílio, motivado pela maior procura, em decorrência do isolamento social. De uma maneira geral, esse resultado também reflete a grande queda na atividade econômica provocada pela pandemia, que levou à contração da renda e à elevação do desemprego, tornando o consumidor mais cauteloso.
Com relação ao Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que reflete a inflação em termos mais abrangentes, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), houve descompressão, tanto em termos mensais, como anuais (12 meses), alcançando 0,05% e 6,10%, respectivamente, também devido à queda dos preços dos combustíveis. Essa descompressão ocorreu apesar da escalada da taxa de câmbio, registrada nas últimas semanas.
Em síntese, o IPCA de abril reflete plenamente os efeitos deflacionários do surto do novo coronavírus, com os desdobramentos do consequente distanciamento social. A perspectiva para os próximos meses é de continuidade da descompressão dos preços, causada pela forte queda da atividade econômica, levando o índice a níveis abaixo do limite inferior da meta anual de inflação. Os possíveis aumentos de preços no atacado, atrelados principalmente às maiores cotações do dólar, dificilmente seriam repassados aos consumidores finais, dado o alto grau de ociosidade. Esse cenário inflacionário, junto à tendência de queda sem precedentes da atividade econômica, levou o Banco Central a reduzir a taxa básica (SELIC) ao mínimo histórico, abrindo a possibilidade para novos cortes.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal