VAREJO TEM CONTRAÇÃO EM MARÇO, REFLETINDO PRIMEIROS
IMPACTOS DO NOVO CORONAVÍRUS
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) mostrou contração de 1,2% sobre o mesmo mês de 2019 (ver tabela abaixo), menos intensa do que a esperada pelo mercado. No varejo ampliado (que inclui todos os segmentos) a queda chegou a 6,3%, a maior da série. Em relação à fevereiro, livre de influências sazonais, as retrações também foram bastante intensas (2,5% e 13,7%, respectivamente). Em 12 meses, contudo, os dados de março se diluem, e, por isso, ainda se observaram altas para ambos tipos de varejo (2,1% e 3,3%, respectivamente).
Na comparação anual, o fechamento do comércio não essencial e o isolamento social foram os principais responsáveis por contrações recordes nas vendas de móveis e eletrodomésticos, outros artigos de uso pessoal e doméstico, equipamento e material de escritório, informática e comunicação, veículos, tecidos, vestuário e calçados e material de construção. Por outro lado, nos casos de hiper e supermercados e artigos farmacêuticos, houve crescimento expressivo dos volumes comercializados, pelo fato de permaneceram abertos e pela concentração das despesas em produtos básicos, por parte das famílias, frente à incerteza com relação à renda e emprego. Esse crescimento, porém, não foi capaz de compensar as retrações observadas nos outros segmentos.
Em síntese, a baixa demanda e, principalmente, o isolamento social, deflagrado pela pandemia do coronavírus, que obrigou ao fechamento da maior parte do comércio, foram responsáveis pela contração observada no varejo, durante o mês de março, levando a uma diminuição durante o primeiro trimestre do ano. Com relação aos próximos meses, a postergação da quarentena deve acentuar os recuos do varejo, que poderiam ser minimizados com a continuidade da expansão nos ramos farmacêutico e supermercadista, e pelas medidas compensatórias dirigidas a recuperar parte da renda perdida pelos consumidores.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal