CORONAVÍRUS PROVOCA NOVA DEFLAÇÃO EM MAIO
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aprofundou a queda em maio, que alcançou a 0,38%, abaixo das expectativas de mercado, configurando o segundo mês consecutivo de deflação. Em 12 meses, houve forte desaceleração para 1,88% (ver tabela abaixo), levando o resultado anual mais abaixo ainda do limite inferior da meta de inflação perseguida pelo Banco Central (2,5%).
Essa nova deflação mensal se explica fundamentalmente pela intensa queda do consumo das famílias, em decorrência do isolamento social, do achatamento salarial, da perda de empregos e da forte queda da confiança do consumidor, levando a reduções nos preços de cinco dos nove grupos considerados na pesquisa do IBGE. Também contribuiu nova diminuição dos preços dos transportes, provocada pelos menores valores dos combustíveis e das passagens aéreas. Mais uma vez, se registrou aumento nos preços dos alimentos, explicado pela sua maior procura, embora menos intenso em comparação ao mês anterior.
Em termos de outro importante indicador de inflação, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), houve forte aceleração em maio (1,07%), fazendo o resultado em 12 meses avançar para 6,81%. Essa aceleração foi causada fundamentalmente pela elevação dos preços no atacado, tanto no caso das matérias primas agrícolas (IPA AGRO), devido às altas das cotações da soja, do milho e do trigo nos mercados internacionais, como para os insumos industriais (IPA IND), pressionados pela recuperação dos preços mundiais do minério de ferro e do petróleo, puxados pela retomada da atividade da China e de outros países.
Em síntese, em maio, o IPCA registrou nova deflação, continuando a refletir os efeitos deflacionários da pandemia. Mesmo que haja refluxo da alta de preços durante os próximos meses, em função da flexibilização do isolamento social, dos reajustes dos preços dos combustíveis e da pressão no atacado, derivada das altas das cotações das commodities nos mercados internacionais, o resultado em 2020 deverá ficar bem abaixo da meta (4,0%). A continuidade da deflação, porém, pode levar ao adiamento do consumo, agravando a queda na atividade econômica. Dado este cenário, espera-se que o Banco Central siga reduzindo a taxa básica (SELIC), podendo também “afrouxar” ainda mais a liquidez no mercado, mediante aplicação de outras medidas.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal