VAREJO SOFRE QUEDA HISTÓRICA EM ABRIL
Em abril, o varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) registrou queda de 16,8%, sobre o mesmo mês de 2019 (ver tabela abaixo), de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O varejo ampliado (que incorpora todos os segmentos) mostrou recuo maior, que alcançou a 27,1%. São as quedas mais acentuadas já registradas pela PMC, embora inferiores às expectativas do mercado. Em 12 meses, os dados mensais se diluem, e, por isso, ainda se registram altas de 0,7% e 0,8%, respectivamente, ainda que menos intensas em relação à leitura anterior.
Essa queda histórica do varejo se explica pelo fato de que abril foi o primeiro mês completo marcado pelo fechamento de lojas, adotado para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. Também pesou a queda na massa de rendimentos, que representa a renda auferida no mercado de trabalho pelas famílias, e o aumento do desemprego, decorrentes da contração da atividade econômica resultante, levando à diminuição da confiança do consumidor.
No comparativo anual, as maiores retrações ocorreram nos ramos considerados “não essenciais”, principalmente confecções, como antecipado na pesquisa do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), além de móveis e eletrodomésticos, bens de uso pessoal, e informática. No varejo ampliado, também houve importantes recuos nos volumes comercializados de veículos e material de construção. Somente o segmento supermercadista mostrou alta, beneficiado pelo isolamento social e pela implementação do home office.
Em síntese, os resultados de abril refletem os impactos negativos da pandemia e da decorrente queda da renda e do emprego. A perspectiva para maio deverá ser similar, devido à postergação da quarentena até o final de maio. A flexibilização gradual das medidas de isolamento social, poderá gerar uma recuperação lenta das vendas, a partir de junho, que poderá se intensificar, posteriormente, pela redução da taxa de juros básica (SELIC), por parte do Banco Central.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal