Temas em Análise 282: Varejo Diminui a Intensidade da Queda em Maio

VAREJO DIMINUI A INTENSIDADE DA QUEDA EM MAIO

Em maio, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) registrou queda de 7,1% sobre o mesmo mês de 2019, bem abaixo das expectativas de mercado (ver tabela abaixo). O varejo ampliado (que incorpora todos os segmentos) mostrou recuo maior, que alcançou a 14,9%. Em relação a abril, livre de efeitos sazonais, houve aumento no volume de vendas de ambos tipos de varejo (13,9% e 19,6%, respectivamente), porém, fortemente influenciado pela fraquíssima base de comparação de abril, considerado, até agora, o mês com o pior resultado. No acumulado em 12 meses, os resultados se diluem, mostrando estabilidade para o varejo restrito e leve queda de 1,0% para o ampliado, mas também já indicam tendência decrescente para o resto do ano.

A desaceleração da contração das vendas do varejo, em termos anuais, poderia ser explicada principalmente por certo afrouxamento das medidas de isolamento social, ocorrida em maio, e pela atenuação dos efeitos negativos da pandemia sobre os empregos e o salário das famílias, decorrente da redução de jornada e salário e da distribuição do auxílio emergencial.

Nessa mesma base de comparação, a queda mais intensa correspondeu ao segmento tecidos, vestuário e calçados – como antecipado por pesquisa da Associação Comercial de São Paulo, sendo também significativa no caso de móveis e eletrodomésticos, outros artigos de uso pessoal e doméstico e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação. O único ramo que mostrou aumento nas vendas foi o supermercadista, beneficiado por ser definido como essencial e pela maior demanda em função do home office. No varejo ampliado veículos e material de construção também sofreram contrações mais intensas.

Em síntese, em maio, apesar de o varejo apresentar recuperação mensal, continua em queda, no comparativo anual, embora esta tenha sido atenuada por certo relaxamento das medidas de isolamento social e pelas políticas compensatórias implementadas pelo Governo, que diminuem o impacto negativo da pandemia sobre o emprego e os salários.

A perspectiva para os próximos meses é de lenta recuperação das vendas, devido à flexibilização gradual das medidas de restrição, apontando, de todo modo, para queda anual, que poderia ser atenuada pela redução da taxa de juros básica (SELIC), por parte do Banco Central, e pela maior concessão de crédito para as empresas de menor porte, responsáveis pela maior parte da geração de empregos.

 

Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal