INFLAÇÃO ACELERA EM JUNHO, MAS SEGUE ABAIXO DO PISO DA META ANUAL
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou alta de 0,26%, abaixo das expectativas de mercado, interrompendo os resultados negativos (deflações) registrados nos dois meses anteriores. O acumulado em 12 meses acelerou para 2,13% (ver tabela abaixo), porém mantendo-se abaixo do limite inferior da meta perseguida pelo Banco Central (2,5%).
Esses resultados se explicam pela maior demanda por alimentos e artigos de residência, tais como eletrodomésticos e produtos de informática, decorrente do isolamento social, aplicado para combater a pandemia. Também contribuiu o aumento dos preços dos combustíveis, impulsionado pela recuperação dos preços do petróleo no mercado internacional. Na contramão, houve queda dos preços das passagens aéreas.
Por sua vez, no mesmo mês, também houve aceleração de outro importante índice de inflação, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que alcançou 1,60%, fazendo a variação registrada em 12 meses avançar para 7,84%. Essas acelerações foram novamente causadas pela maior inflação observada no atacado (IPA), principalmente no caso das matérias primas industriais (IPA IND), devido aos aumentos dos preços do petróleo, da gasolina e do diesel.
Em síntese, a aceleração do IPCA em junho se deve a fatores pontuais, mantendo sua tendência a terminar 2020 bem abaixo da meta anual (4,0%), num contexto de elevada ociosidade e de forte queda no consumo, resultante dos efeitos negativos da pandemia e do distanciamento social. A maior inflação proveniente do atacado, resultante das pressões exercidas pelas cotações do dólar e pelo preço do petróleo, não deverá ser capaz, no presente quadro, de alterar essa trajetória.
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal