IPCA sobe em Fevereiro, Mas Mantém Patamar Anual
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mostrou alta de 0,83%, maior do que era esperado pelo mercado, e mais elevada do que a observada em janeiro (0,42%). Assim, em 12 meses, o índice ficou praticamente estável em 4,5% (ver tabela abaixo), nível que corresponde ao “teto” da meta anual de inflação (3,0%).
A principal contribuição para a aceleração do IPCA de fevereiro veio principalmente dos reajustes dos preços da educação, também se destacando as elevações dos preços de alimentação e bebidas, impactados pelo fenômeno climático El Niño, e dos combustíveis, pressionados pela reposição do ICMS. A alta de preços foi menos disseminada em comparação com o mês anterior, afetando 57% do total dos itens da cesta básica. Apesar da desaceleração do aumento dos preços dos serviços no acumulado dos últimos 12 meses, os núcleos de inflação, que permitem sinalizar melhor a tendência da alta de preços, por excluírem aqueles mais flutuantes, continuaram subindo. Chama especial atenção as elevações dos preços dos serviços intensivos em trabalho, pressionados pelos aumentos de salário e emprego.
Por sua vez, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) intensificou sua variação negativa (deflação), caindo 0,41% em fevereiro, devido principalmente à redução nos preços das grandes commodities (ferro, milho e soja), aprofundando a redução do índice em 12 meses, que alcançou a -4,04%.
Em resumo, o IPCA aumentou mais do que o esperado em fevereiro, mas manteve praticamente o mesmo patamar em termos anuais. O IGP-DI seguiu mostrando aprofundamento da deflação “no atacado”, contribuindo para a descompressão dos preços pelo lado dos custos.
Para os próximos meses, é esperada uma redução do IPCA, em linha com a desaceleração geral da atividade econômica. Essa redução poderia ser mais lenta, ao manter-se a tendência de elevação dos gastos, impulsionados pelos aumentos do emprego, do salário e das despesas públicas. A concretização do cenário anterior poderia limitar a redução da taxa de juros básica (SELIC) nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM).
Por IEGV - Instituto de Economia Gastão Vidigal